Casa-Museu Miguel Torga

Casa-Museu Miguel Torga

As Casas-Museus, consideram-se como locais de memória que mesclam o íntimo com o coletivo, o privado com o público, assumindo-se como instituições de guarda que, no passado, abrigaram as vivências e as lembranças de uma pessoa ou família.

Para além de serem “guardiãs de memórias”, estas instituições devem também preservar o edifício que as define, os bens culturais que abriga, exercendo práticas museológicas, mantendo viva a história ali contida do seu homenageado, satisfazendo a curiosidade dos visitantes em espreitarem aquele arranjo familiar.

Tendo por base estes pressupostos, a moradia onde o escritor Miguel Torga viveu, em Coimbra, hoje Casa Museu Miguel Torga, assume um papel diferenciador e difusor do seu legado cultural.

Foi projetada pelo Arquiteto Manuel Travassos Valdez, responsável por numerosos trabalhos na região Centro, amigo pessoal de Miguel Torga e da mulher, refletindo, certamente, a vontade de quem a encomendou.

Construída entre 1952 e 1953, integra-se arquitetonicamente numa época específica, onde a prevalência de edificações ecléticas se cruzava com temáticas historicistas e/ou regionalistas, facto patente desde logo na tipologia presente na fachada principal. Salienta-se o pórtico que antecede a entrada principal, à qual se tem acesso por uma pequena escada revestida a cantaria, sobreposto da ampla varanda do primeiro andar, localizada ao lado esquerdo, sustentada por colunas cilíndricas e com varandim em ferro forjado.

Foi a morada familiar deste nome maior da literatura portuguesa do séc. XX. Entretanto, após a sua morte, o Município de Coimbra adquiriu esta moradia consignando-se o interesse de que Coimbra não poderia “deixar cair no esquecimento esta grande figura da nossa cultura” e que transformar a casa onde residiu Miguel Torga num espaço de criação e fruição cultural seria “uma justa homenagem que a cidade lhe deve”.

A 20 de Dezembro de 2004, foi realizada a escritura de aquisição do imóvel à herdeira de Miguel Torga, a Profª. Doutora Clara Crabbé Rocha e, no mesmo dia, esta fez a doação do espólio ali existente.

Esta casa, local de vivência não apenas familiar, mas também de sociabilidade intensa com amigos e outros interlocutores, desde políticos a intelectuais, corresponde não apenas ao «espaço físico» onde residiu Miguel Torga, mas também ao local que foi testemunho de um percurso de vida inseparável da obra que este legou a Portugal e ao mundo. É, assim, um espaço privilegiado de memória destas vivências, quer por ser testemunha dos afetos trocados e das ideias aqui expressas, quer por guardar os objetos do quotidiano, os móveis e as peças de arte adquiridos ao longo dos anos (cerâmica, pintura, escultura, tapeçaria), quer, ainda e sobretudo, por ser o local onde o escritor produziu parte da sua obra.

A este núcleo se junta um valioso acervo documental que retrata a vivência literária, política e social do escritor Miguel Torga e do século XX português, constituído por manuscritos (cerca de 500), livros (cerca de 2500), fotografias (cerca de 650) e recortes de imprensa nacional e estrangeira (cerca de 3500). Para consulta do espólio contactar a Biblioteca Municipal de Coimbra.

Inaugurada em 12 de agosto de 2007, dia em que faria 100 anos, a casa tem como principal missão proporcionar a quem a visita, o conhecimento da obra do poeta, através de um dos locais mais emblemáticos da sua vida, ou seja, a sua própria morada. Em 2020, foi classificada como monumento de interesse público (Portaria 317/2020, de 27 de março).

Aqui se desenvolvem atividades culturais ligadas à vida e obra do escritor, como visitas guiadas, colóquios, conferências, palestras e exposições, que procuram manter o seu nome sempre presente na vida cultural da cidade de Coimbra.

Parafraseando o escritor, “Quem quiser conhecer-me, leia-me…”. Aqui fica o convite e venha conhecer o seu universo “Agarez” de Coimbra.